quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Jornalismo sem recheio

A mídia brasileira não se cansa do sensacionalismo. A cada tragédia satura seus consumidores explorando incansavelmente cada oportunidade de assegurar pontos a mais na audiência, nos acessos aos blogs, sites ou na venda de jornais.

O mundo está cada vez mais violento e os jornais banalizam ainda mais. O povo se sente atraído. Será pela afeição do ser humano em coisas mórbidas, ou será que este povo vai se acostumando a ser insensível ao horror? Independe. O fato é que o jornalismo está extremamente factual e, dentre os fatos, a tragédia está entre os mais atraentes. Não que fatos sejam irrelevantes, mas só noticiar não faz sentido. O povo carece de análises, discussões, reflexões e esse é o papel da mídia.

Exemplo nítido de um jornalismo pasteurizado é a cobertura do “caso Eloá”. O fato é noticiado, a polícia começa a investigar e pronto, o assunto só deveria ser retomado quando fatos importantes surgissem para contextualizar o acontecido ou acrescentar novas informações. Se for pra continuar falando sobre, que outras abordagens sejam exploradas. No blog Divã do Masini, por exemplo, o autor cita o caso para uma reflexão sobre a vida. Há quem discuta as atitudes precoces dos jovens, a doação de órgãos, o crescimento da violência, enfim, utilizam o gancho para repassar valores sem deixar de informar corretamente.

Não fosse a descoberta de supostos crimes do pai da menina e a ação atrapalhada da polícia, o foco ainda estaria em Eloá. A mídia continuaria apelando para o sentimentalismo e recriando personagens. As pessoas adotando os personagens e alimentando a oportunidade dos meios de comunicação garantirem o seu lucro.


Eloá Sonora.mp3